domingo, 4 de dezembro de 2011

RELATÓRIO TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE II


          Grupo: Antunes Santana Reis
                               Elaine Santos Andrade
                                                 Josineide Luciano Almeida Santos
                              Renato Araujo Chagas
                                       Ruzilane Rabelo dos Santos

O relatório é referente às aulas seis, sete, oito, nove e dez da apostila de Temas de História de Sergipe II, dos problemas levantados e discutidos no facebook pelos membros do grupo.
O questionamento da sexta aula que foi dia 10/10/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 22/10/2011 às 20h14, a seguinte pergunta:
Explique a frase “Ave Branca que voa dos pântanos para o azul...” que o jornal “O Estado de Sergipe” publicou em 1918 dando ênfase ao projeto modernizador das elites aracajuanas? 

Essa pergunta foi ilustrada com uma foto de uma Garça Branca cuja fonte foi o site: http://www.vivaterra.org.br/aves_3.htm
Renato Araujo respondeu a pergunta dia 23/10/2011 às 23h14, a sua resposta foi a seguinte:

Quanta saudade quanta espera, para mais uma vez dividir com vocês temas de Sergipe nesse espaço de interação e aprendizado. Diante da indagação da nossa líder e munido dos debates em sala de aula, podemos dar nossa singela contribuição nessa abordagem ressaltando o aspecto modernizador que era pensado para nossa capital. Principalmente a partir de 1910 e 1920. "A ave branca que voa dos pântanos para o azul", essa ave branca representava Aracaju, uma cidade que passava por uma completa mudança em seus diversos aspectos, passou a ser vista de uma cidade inviável, imersa em pântanos, mangues e areais, cercada de casas de palhas, com uma população em sua maioria de pobres e enfrentando epidemias, levando a óbito grande parte dessa população; para uma cidade moderna (elitista e eurocêntrica) com um aspecto amplamente inovador, ou seja, para o azul que representava um futuro promissor para aquela cidade, Aracaju capital de todos os sergipanos.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 23/10/2011 às 22h44, a sua resposta foi a seguinte:

Tal frase pode transmitir a visão dos aracajuanos e sergipanos em relação a sua capital nas primeiras décadas do século xx. Aracaju era a ave branca, essa nasceu carregando os sonhos de modernidade e riqueza proporcionada pelo sucesso do açúcar da região da Cotinguiba. Porém nos primeiros anos de sua existência Aracaju não era a cidade idealizada por Inácio Barbosa, com ruas de lama, epidemias e casas de palha, assim a ave branca estacionava em pântanos na Aracaju de uma imagem sombria e sem sucesso. Porém para mudar essa situação entre os anos de 1910 e 1930 a elite aracajuana em plena segunda revolução industrial, consolidação do fim da escravidão e do positivismo construíram um projeto para sua modernização, a cidade ganhou belas praças, alargamento de suas ruas, água encanada e fábricas para empregar sua população. Assim a ave branca voava para o azul da modernidade, ordem e progresso, mesmo que com ela não levasse toda a população, já que muitos ainda continuaram nas mesmas condições sociais.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 09/11/2011 às 11h29, a sua resposta foi a seguinte:

Trata-se de uma frase, cuja ave branca simboliza Aracaju que sai dos pântanos para pousar no progresso, visto que esse seria alcançado pelo projeto modernizador da mentalidade de uma elite sergipana que assim como o resto do país buscará exemplos modernistas de outros países para se tornar um exemplo de lugar civil e moderno.

Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 23/10/2011 às 17h21, a sua resposta foi a seguinte:

Aracaju é essa ave branca que voa dos pântanos para o azul, ou seja, voa para o progresso para a modernidade principalmente nos anos de 1910 a 1920 passa por modificações em longo prazo em vários aspectos, e apesar de ser dito e vista como inviável por alguns a cidade surgiu para o progresso sendo planejada como sendo um tabuleiro de xadrez surgido em meio aos pântanos, mangues e cheia de casebres de palhas, e com uma vasta população de pobres que enfrentavam doenças e grande pobreza, havendo grande número de mortos, apesar de a ave branca ser projetada para a modernidade, isso para a elite eurocêntrica, ou seja, Aracaju modernizou-se cresceu progrediu hoje podemos contemplar a Ave Branca que voa dos pântanos par o azul ,ou seja, dos pântanos para o progresso para a modernidade e para o desenvolvimento.

O questionamento da sétima aula que foi dia 24/10/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 29/10/2011 às 21h35, a seguinte pergunta:
Qual a importância do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe para a formação da sociedade sergipana e a construção do seu discurso sobre a identidade de Sergipe?
Renato Araujo respondeu a pergunta dia 30/10/2011 às 10h39, a sua resposta foi a seguinte:

Partindo do debate entre o discurso modernizador do Nobre de Lacerda e o de atraso de Paulo do Walle em relação à Aracaju. Notamos que o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe publicando em 1913 o artigo de Lacerda em defesa da cidade; deixa-se expresso a sua linha de pensamento. Pautado em um sentimento de pertencimento na qual foi denominado de sergipanidade, o IHGS teve grande importância na formação dessa identidade quando apresenta diversas publicações referentes à Sergipe, sejam elas no campo geográfico, onde se debate os limites do território com Alagoas e principalmente com a Bahia ou na elevação de nomes dos grandes intelectuais que levaram o nome de Sergipe além fronteiras, quando são apresentados os nomes dos grandes homens da história do Estado buscavam elevar a alta estima da nossa sociedade que vivia mergulhado em um complexo de inferioridade, assim proporcionava um inevitável orgulho da sua terra. Homens que com muita luta conseguiram vencer nas suas trajetórias e que poderiam servir de modelos para os demais. Nomes como Tobias Barreto, Silvio Romero dentre outros serão sempre lembrados, para que nossa sociedade sinta-se orgulhoso do passado da sua terra, como formadores de um sentimento que não pode parar, na qual o IHGS teve grande papel e importância no cenário sergipano.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 30/10/2011 às 11h39, a sua resposta foi a seguinte:

Bom demais falar do IHGSE, afinal desenvolvo minha pesquisa aí. A fundação dessa instituição em 1912 surge em meio ao desejo da elite sergipana em modernizar a sua Capital, não só pelo lado físico, mas valorizar a sua história. Foi aí que se iniciou a discussão da identidade sergipana, deixando o complexo de inferioridade e lembrando os grandes sergipanos que deixaram o estado e se destacavam no país e no exterior seja pelo seu valor artístico, político ou intelectual. Além disso, essas homenagens em publicações, revistas e sessões mostravam aos sergipanos através desses exemplos a superação de homens nascidos em um Estado pequeno e pobre. Mas foi na questão dos limites geográficos, principalmente em relação à Bahia que se tornou crescente essa noção de identidade, vários intelectuais foram a arquivos e pesquisaram sobre o território sergipano enriquecendo obras historiográficas sobre o Estado e ao mesmo tempo defendendo a sua unidade e contribuindo o amadurecimento do que era ser sergipano.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 15/11/2011 às 12h42, a sua resposta foi a seguinte:

As décadas de 1910 e 1930 foram propícias para dar continuidade ao modelo de identidade do sergipano baseado nos feitos dos grandes homens sergipanos que se destacaram, além do nosso território. Tendo o IHGS uma importância fundamental para construção de tal modelo, já que foi o precursor do uso da biografia dos considerados ilustres sergipano, tornando-se um espaço em que a elite intelectual passara a pensar não só o ser sergipano, mas também a projetar o seu futuro como também na extensão do seu território, sobretudo diante da Bahia.

Curtiu essa pergunta: Jéssica Souza.

O questionamento da oitava aula que foi dia 31/10/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 05/11/2011 às 19h19, a seguinte pergunta:

Qual a consequência da modernização de Aracaju em meados dos anos 20 e 30 para a população pobre que migrava para a cidade a procura de trabalho e viviam as margens do quadrado de Pirro e em péssimas condições de vida?
Essa pergunta foi ilustrada com uma foto de Aracaju (Vista Aérea de Aracaju década de 30) cuja fonte foi o blog de Itamar Freitas seu endereço é:  http://itamarfo.blogspot.com/2010/10/penultima-corografia-de-aracaju.html
    Renato Araujo respondeu a pergunta dia 06/11/2011 às 10h14, a sua resposta foi a seguinte:

Faz-se necessário ressaltar que a cidade de Aracaju envolvida nesse projeto de modernização, passa a ser vista como o Eldorado para aqueles que migravam das cidades interioranas, a população pobre em sua maioria se deslocavam de suas regiões para capital por diversos aspectos, entre eles podemos mencionar: a seca que castigava, provocando um mal ainda maior que era a fome, a presença dos coronéis figuras carimbadas desse período e claras o medo que assolava na região de Virgulino Ferreira o Lampião. Com a chegada desses em Aracaju alguns problemas foi evidentes, a principal o grande número de pessoas em áreas que circulavam o centro, logo havia uma alta especulação imobiliária, residências em altíssimos preços, levando a população menos favorecida a construírem suas casas de taipa, mais com o projeto de modernização buscavam ainda mais ampliar o campo de melhorias, logo essas comunidades foram prejudicadas, com a criação do plano diretor, há tirada dos pobres do quadrado de Pirro, desapropriando as casas de pau a pique. O que restou para esses moradores foram as periferias, e o trabalho pesado insalubre nas fábricas existentes. Salários baixos, exploração sexual e uma vida de pura miséria e abandono.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 06/11/2011 às 17h16, a sua resposta foi a seguinte:

Vários fatores fazem de Aracaju justamente nas décadas de 20 e 30, em pleno discurso modernizador uma cidade que atraiu muitos migrantes do interior. Enquanto crescia a fama da capital desenvolvida, muitos camponeses sofriam na miséria com a decadência dos engenhos de açúcar e o ressurgimento da pecuária. Assim restava a esperança de se dar bem em Aracaju, o que na maioria das vezes não acontecia. O livro Os Corumbas de Amando Fontes retrata muito bem o que acontecia com as famílias nessa época, não podendo morar no Quadrado de Pirro devido à grande especulação imobiliária, tinham que morar em regiões distantes do centro como no Aribé (Siqueira Campos) em ruas alagadas e distante do local de trabalho, já que a maioria ficava durante o dia nas fábricas do Bairro Industrial. A obra de Amando Fontes mostra como as famílias eram exploradas, passavam fome e ainda muitas vezes tinham suas filhas envolvidas na prostituição.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 09/11/2011 às 11h20, a sua resposta foi a seguinte:

Desde 1855 há uma leva de pessoas que migram para Aracaju, devido a fatores climáticos, sociais e por acreditar que Aracaju era um “Eldorado”, visto que ela possuía fábricas e conseqüentemente seria um lugar de oportunidades. Porém, essa migração trará as contradições do projeto modernizador, já que Aracaju era um local onde a projeção do projeto modernizador não alcançara essa população pobre já que a elite modernista atuou de forma a deixar estas pessoas à margem não só do “quadrado de Pirro”, mas também de toda a sociedade aracajuana em formação seja utilizando os códigos de postura, as especulações imobiliárias ou pela submissão ao trabalho fabril.

Curtiu a pergunta: Luiz Bezerra.

O questionamento da nona aula que foi dia 07/11/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 12/11/2011 às 21h29, a seguinte pergunta:

Explique a frase “uso do privado no público” sobre o coronelismo em Sergipe?

Essa pergunta foi ilustrada com uma foto do coronelismo nos primeiros anos da República cuja fonte foi:  http://www.brasilescola.com/historiab/coronelismo.htm
                                 
Renato Araujo respondeu a pergunta dia 13/11/2011 às 12h10, a sua resposta foi a seguinte:

O coronelismo presente na política brasileira no período da república velha teve seu fim na década de 30, segundo alguns autores entre eles Victor Nunes Leal em seu clássico “coronelismo enxada e voto” e o que podemos perceber a partir desse momento são práticas dessa política, em Sergipe não poderia ser diferente, os órgãos públicos eram mantidos de funcionários muita das vezes despreparados para os devidos cargos, mas eram postos pelos coronéis, que mandavam e desmandavam em todas as áreas públicas, sejam nas delegacias,cadeias, até mesmo nas igrejas a sua força era notável, os delegados, policiais, padres tinham relação frequentes, o líder político era quem mandava prender e soltar, transformando a sociedade em apenas um aparato dessa politicagem mesquinha e atrasada. Felizmente já se foi o tempo dos coronéis. Será? Sinceramente não acredito como diria Marcos Vilaça e Roberto Cavalcante em sua obra “Coronéis”, o coronelismo continua vivo, só que em outras roupagens. Você não acredita? Olhem ao seu lado, nas suas respectivas cidades e presencie o jogo de interesses e a indicação política, entre outras práticas e tire a sua própria conclusão.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 13/11/2011 às 11h07, a sua resposta foi a seguinte:

O período republicano no Brasil entre 1889 e 1930 é marcado por práticas coronelistas em todo o país, e Sergipe não fica longe dessa realidade. Foi muito comum nessa época o uso das instituições públicas seja no judiciário nas cadeias, delegacias e até mesmo em instituições desligadas do Estado como a Igreja Católica para o cumprimento de desejos pessoais. Mesmo com o fim do padroado, existente no Império em que a Igreja era subordinada ao Estado, os coronéis continuavam a exercer influência na nomeação de padres e festividades religiosas. Em Sergipe existem vários estudos sobre essa realidade principalmente na cidade de Itabaiana merecendo destaque a obra O ECLIPSE DE UM FAROL de nosso professor Antônio Lindvaldo, nessa obra podemos perceber o poder que detinha um governante local para que se pudessem cumprir seus desejos pessoais, não só em relação à Igreja, mas também em relação à nomeação de juízes e delegados.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 15/11/2011 às 12h32, a sua resposta foi a seguinte:

Essa frase exemplifica muito bem o então período denominado “República Velha” (1889-1930), onde constatamos a interferência das relações pessoais de poder em Sergipe atuando no andamento de suas comarcas, delegacias, cadeias e nas atividades policiais, trazendo como conseqüência, diversos conflitos e confrontos no cotidiano dessas instituições, mostrando que nem sempre estes estavam a serviço da ordem e do progresso como o discurso modernizador de sua elite pregara, tornando-se isso mais uma de suas contradições.

O questionamento da décima aula que foi dia 21/11/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 25/11/2011 às 21h37, a seguinte pergunta:

Uma das "vozes" que contradiz o discurso modernizador de Aracaju é a juventude com seus jornais que criticam o processo de escolarização imposto ao povo. Por que eles criticam essa escolarização?
Renato Araujo respondeu a pergunta dia 27/11/2011 às 16h56, a sua resposta foi a seguinte:
Realmente algumas vozes foram contrárias ao discurso modernizador de Aracaju, entre elas: a dos socialistas evolucionistas, a dos libertários, a dos trabalhadores operários e a voz da juventude, essa ultima através de folhetins e jornais de pequeno porte, que levavam nomes interessantes, “a navalha” “o vampiro” “o pente” entre outros usando tons humorísticos, mas muita das vezes tratados como desocupados ou irresponsáveis. Mas, o certo é que essa juventude se fez ouvir, criticavam o processo de escolarização, pois eram feitas por meio de brutalidades e arrogância, levando ao aluno uma imposição de valores, dessa forma a educação não estaria proporcionando felicidades aos pobres.
Antunes Santana respondeu a pergunta dia 04/12/2011 às 10h00, a sua resposta foi a seguinte:

Não se acreditava na educação dada aos pobres, com uma educação burguesa, os ricos sim seriam beneficiados chegando depois a academia, já os pobres continuariam subordinados a elite. Essas críticas partiam de vários grupos, onde alguns pregavam a mudança da realidade através da ordem como no Jornal Voz do Operário, já outros grupos criticavam a situação com folhetins de caráter humorístico que ironizava as elites.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 04/12/2011 às 13h00, a sua resposta foi a seguinte:

As poesias e os artigos dessa imprensa alternativa procuraram criticar a escolarização e as suas práticas de violência dentro do ambiente e do cotidiano escolar. Isto porque o discurso modernizador embutido nas escolas trazia esta como o caminho mais adequado a civilização, por meio da imposição dos valores civilizatórios pregados pelo projeto de modernização.

Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 04/12/2011 às 14h00, a sua resposta foi a seguinte:

As vozes contrárias ao projeto modernizador a dos libertários, socialistas e dos evolucionistas entre outros nomes, “navalha”, “o pente”, “o jornal a Voz do Operário”, criticavam a situação com os famosos folhetins com caráter humorístico e que criticavam as elites outros criticavam o processo de escolarização que eram feitas através da imposição, brutalidade e arrogância, isso para os pobres, não se acreditava na educação para os menos favorecido, os ricos sim seriam beneficiados e chegando a um patamar mais elevado chegando a academia e os pobre por sua vez ficaria, permanecia subalternos as grandes elites por isso para alguns daria certo, havia a possibilidade de uma educação para todos. Contudo a educação imposta e arrogante não beneficiava nem valorizava os pobres, pois era imposta.

domingo, 27 de novembro de 2011

NAS FÍMBRIAS DA ORDEM E DO PROGRESSO: OUTRAS “VOZES” E “HISTÓRIAS DE VIDAS” DIFERENTES DOS AGENTES DA MODERNIZAÇÃO EM ARACAJU

O discurso modernizador das elites em Aracaju marcou as primeiras décadas do século XX, a ordem e o progresso defendido a todo custo por essa elite transformou profundamente a vida da população pobre de Aracaju que vivia na “margem” desse progresso e modernidade que alavancava o futuro promissor da cidade. Mas, devemos compreender também as outras vozes que faziam parte dessa modernização, constatar que a população pobre não era tão bem tratada como aparece no discurso da elite e moravam em condições precárias.
A classe operária de Aracaju era submetida a duras jornadas de trabalho, sendo explorados constantemente no seu ambiente de trabalho, seus filhos não tinham as mesmas oportunidades que os filhos de seus patrões, a única solução para a elevação dessa classe seria criar uma escola para o trabalhador. O discurso dessa classe do centro operário sergipano ia de encontro com o da elite, enquanto um dizia que na cidade de Aracaju não havia pobreza, mas sim modernidade e que os operários eram tratados bem como amigos por seus patrões, o outro contradizia esse discurso e questionava acerca das condições de vida dos operários que eram péssimas.
Sendo assim, há vários outros discursos acerca da modernização de Aracaju não somente da elite, devemos dar espaço ao outro com suas vozes esquecidas ou até mesmo abafadas diante de uma sociedade que valoriza a história oficial não a história de vozes destoantes, a contribuição de homens e mulheres pobres, um exemplo desse outro é o depoimento de Dona Antônia, uma operária que trabalhou trinta anos na mesma fábrica (Sergipe Industrial). 
O discurso do outro é extremamente essencial para compararmos situações distintas e ouvir as vozes da classe operária que também contribuiu para Aracaju virar a capital da “modernidade”, porém pagaram caro foram expulsos de suas moradias em prol do progresso e da ordem. A população pobre de Aracaju sofreu as conseqüências desse discurso elitizado que queria a todo custo à modernização da cidade não poupando o morro do Bonfim onde residia boa parte dessa população que foi destruído para dar espaço a civilização e a modernidade.
Portanto, não devemos nos ater somente ao discurso elitista da modernização de Aracaju, mas dar espaço e voz aos outros discursos, histórias de vidas que também contribuiu para entendermos a real modernização de Aracaju, essas ficam esquecidas e fazem parte das fímbrias da ordem e do progresso.                 

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. Nas fímbrias da ordem e do progresso: outras “vozes” e “histórias de vidas” diferentes dos agentes da modernização em Aracaju. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.179-200.   

domingo, 13 de novembro de 2011

“USO DO PRIVADO NO PÚBLICO”: ORDEM PÚBLICA E CORONELISMO EM SERGIPE (1889-1930)


As elites de Aracaju tinham um discurso modernizador de ordem e progresso, porém as relações de poder em Sergipe não eram tão calmas e tranquilas como a elite defendia, havia um descontrole na ordem pública com o aumento das subdelegacias nas décadas de 10 e 20.  
            O uso do privado no público interferia na ordem pública, pois os poderes locais manipulavam o público em prol do privado e de interesses pessoais causando muitas vezes conflitos entre as autoridades. Os órgãos públicos de Sergipe responsáveis pela manutenção da ordem em Aracaju e regiões circunvizinhas ficavam a mercê das relações pessoais de poder que as autoridades locais de determinada região exercia na sua localidade, fazendo uso do privado no público em prol de seus próprios interesses eram os chamados “coronéis” que tinham poder para colocar no cargo público aqueles escolhidos por eles próprios era a velha prática do dar e receber, ou seja, cargos de chefia eram exercidos por pessoas incapacitadas e leigos.
                   As comarcas, delegacias, penitenciárias, casas de prisão, a polícia em Sergipe não foram eficientes para exercerem seus papéis de controle público, pois não controlava totalmente a população e o banditismo, porém o discurso das elites propõe em seus relatos mostrar para a população e seus eleitores que garantiram a ordem em Sergipe graças à eficácia da polícia e ao povo sergipano.
            Portanto, as relações pessoais de poder em Sergipe em prol de interesses individuais interferiam no andamento das comarcas, delegacias, cadeias e na funcionalidade da polícia, já o discurso modernizador das elites sergipanas se contradiz ao analisarmos mais profundamente a manutenção da ordem pública.    
  
 Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. “Uso do privado no público”: ordem pública e coronelismo em Sergipe. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.161-178.   

domingo, 23 de outubro de 2011

AS PONTECIALIDADES DA HISTÓRIA LOCAL PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM SALA DE AULA: O ENFOQUE DO MUNÍCIPIO DE SOROCABA


As perguntas a serem respondidas nessa atividade serão:

1.      Qual a crítica que Arnaldo Pinto Júnior faz ao modelo de História que é imposto pelas elites e apresentado nos livros didáticos para os alunos em Sorocaba?
2.      E qual sua proposta ou alternativa para que essa História seja contada de outra forma em Sorocaba?

 Arnaldo Pinto Júnior em seu artigo expõe a importância do estudo da História local para o ensino de História em sala de aula ao mudar o discurso histórico dominante de uma História geral que apaga as especificidades da local e reproduz uma visão tradicional e “verdadeira” da história. O estudo da história local situa o aluno no seu tempo e espaço, mas também destrói visões homogeneizadoras e uniformizadoras que se propagam através das versões historiográficas gerais. 
O autor faz uma crítica ao discurso modernizador em Sorocaba veiculada na cidade desde 1903 por alguns setores sociais que proclamavam seu avanço através da denominação Manchester Paulista, deixando no passado sua feira de muares no final do século XIX, pois não mais podia competir com a concorrência do símbolo modernizador e o progresso futuro do século XX, imposto pelas elites econômicas e intelectuais da cidade que defendiam seu centro urbano como um espaço de prosperidade e traziam bem estar para sua a população e o crescimento de São Paulo e do Brasil. Esse discurso elitista do passado deve ser questionado para explicitar as contradições internas da Manchester Paulista, isso é essencial para compreender ideais e representações que ainda fazem parte do “olhar neoliberal” sobre a sociedade que dificulta a construção de relações sociais democráticas.
  A sua proposta é o questionamento desse discurso da Manchester Paulista, ao relacionar suas ideias fundamentais com a realidade vivida pelos alunos na sua respectiva cidade, ou seja, mudando dessa forma o discurso através da pesquisa e análises de documentos ao problematizar o passado os alunos compreenderam melhor o presente e as relações políticas e sociais de Sorocaba na transição do centro urbano para a indústria têxtil.  
 Os alunos na prática da pesquisa de campo levantariam documentos locais e as memórias de pessoas que vivam na cidade para cruzar e comparar às evidências e resignificar a história da cidade com suas percepções e construções históricas produzindo novos saberes sobre o município de Sorocaba.
Portanto, a partir do estudo das potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala da aula os alunos seriam capazes de entender as noções de tempo e espaço, permanências e mudanças, similaridades e diferenças contribuindo para um novo discurso histórico em Sorocaba.

Referência:
JÚNIOR, Arnaldo Pinto. Revista do Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba. Ano I- Número 3, Julho de 2001, p.37- 40.