domingo, 25 de setembro de 2011

RELATÓRIO TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE II

Grupo: Antunes Santana Reis
                  Elaine Santos Andrade
                                  Josineide Luciano Almeida Santos
                  Renato Araujo Chagas
                         Ruzilane Rabelo dos Santos

O relatório é referente às aulas dois, três, quatro e cinco da apostila de Temas de História de Sergipe II, dos problemas levantados e discutidos no facebook pelos membros do grupo.

O questionamento da segunda aula que foi dia 29/08/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 30/08/2011 às 14h09, a seguinte pergunta: 

Qual a importância dos núcleos de povoamento para o avanço da cristandade católica?

A pergunta foi curtida pelo professor no dia 31/08/2011 às 05h37 e sugeriu restringir para Sergipe no período colonial.
A pergunta foi reformulada dia 02/09/2011 às 16h40 pela líder:

Qual a importância dos núcleos de povoamento para o avanço da cristandade católica em Sergipe no período colonial?

Renato Araujo respondeu a pergunta dia 03/09/2011 às 20h20, a sua resposta foi a seguinte:

Sabemos que desde 1575, com as presenças de João Solônio e Gaspar Lourenço em terras sergipanas, um dos interesses da coroa Portuguesa era proliferar a cristandade entre os habitantes dessa região, ação que só verdadeiramente aconteceu a partir de 1590 com o domínio português, consequentemente com a formação de núcleos de povoamento que para alguns economicamente falando servia apenas como apêndice do campo, mais por intermédio deles foi que o Estado obteve possibilidades em manter a ordem com algumas ações na área religiosa, entre elas podemos destacar: construções de igrejas, frequentes procissões entre outras; um exemplo claro dessas atitudes podem ser contempladas na cidade de São Cristovão que mesmo em um momento de pouco desenvolvimento o alto numero de igrejas e conventos eram perceptíveis. Em suma, existia por trás dos núcleos de povoamento todo um aparato para se adequar aquelas comunidades a um forte viés religioso, só dessa maneira a sua expansão seria aumentada gradativamente.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 04/09/2011 às 15h24, a sua resposta foi a seguinte:

A conquista de Sergipe em 1590 e a formação de São Cristóvão como núcleo de povoamento marca também os investimentos em firmar a fé católica nessas novas demissões do Império Luso- Espanhol, com o Padroado, onde a Igreja está interligada ao Estado, o avanço da cristandade se torna paralelo ao avanço de territórios. Tal ação contribuía para que práticas heterodoxas não alcançassem a Colônia mantendo assim o estado de Ordem e moralidade. A construção de Igrejas e presença de conventos nesses novos núcleos fazia parte de uma ação pedagógica para manutenção da fé com procissões, missas e catequeses. Ao mesmo tempo tudo isso contribuía para a manutenção do poder Coroa na região. Assim a partir do século XVII mesmo com núcleos de povoamento não tão desenvolvidos a Igreja Católica se expandiu para outras partes de Sergipe com as freguesias de Lagarto, Itabaiana, Vila Nova dentre outras.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 04/09/2011 às 17h49, a sua resposta foi a seguinte:

Bem, a presença da Igreja Católica em Sergipe existe desde 1575, com a vinda dos jesuítas Gaspar Lourenço e João Solônio. Estes fundaram as aldeias de São Tomé, Santo Inácio e São Paulo, porém os interesses das autoridades baianas e dos criadores de gado interromperam a extensão das missões de Gaspar e Solônio nas terras entre o rio Real e o São Francisco. Contudo, após 1590, com a conquista definitiva dos portugueses em Sergipe, a Igreja católica esteve presente através das ordens religiosas e do clero secular.
Um grande exemplo dessa propagação foi dada em São Cristovão com a construção da Igreja Matriz, o convento dos Carmelitas e a Casa de Misericórdia, por exemplo. Cujas, construções deveriam estar em consonância com a regulamentação sobre a sua fundação e edificações empreendidas pelo Concilio de Trento, realizado de 1545 a 1563. Onde, essas construções e seus cerimoniais deveriam ser dados de modo a instruir pedagogicamente os seus fieis nos dogmas cristãos. Além disso, os núcleos de povoamento se tornavam um lugar ideal para ditar a ordem e a moral, onde isto era introduzido no cotidiano de seus fieis por meio do badalar dos sinos, de cultos religiosos, procissões, etc. Assim, temos esses núcleos como um centro de difusão e manutenção dos princípios cristãos em regime de padroado.

Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 04/09/2011 às 20h42, a sua resposta foi a seguinte:

Com o surgimento dos núcleos de povoamento que era visto como um apêndice de engenho, parasita vivendo da produção do campo, um mero aparelho administrativo e um habitat de burocratas preguiçosos e desocupados, visto como um lugar de marasmo, contudo a Igreja Católica se fez presente tendo um papel relevante nos núcleos de povoamentos na transmissão e difusão e manutenção dos princípios cristão do padroado, ou seja, seus dogmas e doutrina e catequese dos indígenas. Segundo Nunes os núcleos de povoamento caracteriza a vida de Sergipe Colonial, mediante o parecer do Conselho Ultramarino que foi o primeiro documento sobre a história da real situação desses núcleos, esse parecer descreve o que existia: As ermidas (capelas) o primeiro núcleo foi o de São Cristovão fora muito importante para o surgimento de outros núcleos e novas conquistas trazendo a expansão da Cristandade no período Colonial em Sergipe.

Curtiram a pergunta: Antônio Lindvaldo, Grace Hora, Jéssica Souza, Bárbara Lobo e Josineide Luciano.

O questionamento da terceira aula que foi dia 05/09/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 06/09/2011 às 10h16, a seguinte pergunta:

 Qual a importância das câmaras municipais no processo de independência da
capitania de Sergipe ao domínio da Bahia ao longo do século XVIII?

Renato Araujo respondeu a pergunta dia 10/09/2011 às 21h24 , a sua resposta foi a seguinte:

Nos primórdios a criação das câmaras tinha como intuito manter a ordem nos municípios e vilas da região, algo que não ocorreu devidamente como era pensada pela coroa portuguesa, é necessário ressaltar que no caso da capitania de Sergipe as câmaras eram formadas por criadores de gado e proprietários de terra que viram a possibilidade de se fortalecerem. De início tanto a metrópole como os proprietários de terras tinham os mesmos interesses, entre eles a colonização do território sergipano, mais com o tempo divergências surgiram, a partir do momento em que a metrópole percebeu o crescimento e o fortalecimento do poder local, na qual não mais obedeciam as ordens impostas por eles, principalmente quando o assunto era cobrança de impostos, as câmaras sergipanas protestavam a cada instante principalmente a de São Cristovão. Outro ponto a salutar foi a luta delas a favor das tropas brasileiras para expulsão dos portugueses que eram contra a posição de dom Pedro I. Destaque na luta a favor da independência de Sergipe para as câmaras do interior, em especial Lagarto e Itabaiana.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 09/09/2011 às 17h34, a sua resposta foi a seguinte:

As câmaras municipais de Sergipe foram Criadas para garantir o poder da Coroa nessas terras, no primeiro momento atuavam de forma que garantiam a união de interesses entre criadores de gado e proprietários de terra com a Coroa. Porém no fim do século XVIII as câmaras passaram a formar um espaço que as elites locais aumentavam o seu poder, começando então a destacar os interesses da Coroa. Formando um poder coletivo local se rebelaram devido às altas cobranças de impostos. Sendo subordinada a Bahia recebia pressões tanto dessa como da Coroa. Assim as Câmaras almejavam o fim da subordinação a Bahia. Com a Carta Régia de D. João VI em 1820, que declarava a independência de Sergipe e o não cumprimento dessa ordem pelos baianos, as câmaras tiveram papel definitivo nessa luta, principalmente as do agreste e do sertão, pois é importante lembrar que os líderes políticos da Cotinguiba e São Cristóvão ligados a produção de açúcar não eram favoráveis a independência devida suas relações comerciais com os baianos.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 11/09/2011 às 11h46, a sua resposta foi a seguinte:

Bem, as câmaras municipais foram criadas pelo Estado para o controle administrativo dos núcleos de povoamento e de sua sociedade, porém estas eram administradas por criadores de gado e agricultores, os considerados “homens bons”. A partir disso, entende-se que as câmaras foram criadas pelo rei e ao mesmo tempo contra ele. Isso se torna perceptível quando a identificamos como um local de protestos, principalmente as do agreste e do sertão, já que muitas protestavam mediante questões coletivas, as arbitrariedades e exploração da metrópole, dos ouvidores, do poder eclesiástico e, sobretudo, das autoridades baianas. Assim percebe-se que a independência de Sergipe não foi somente um ato de Decreto assinado por D. João VI, pois a atuação de reivindicações das câmaras municipais frente à exploração interprovincial da Bahia era visível no cenário sergipano, as quais forneceram um terreno propício para isso.
Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 10/09/2011 às 18h22, a sua resposta foi a seguinte:

Mediante as discussões em sala de aula percebe-se que no período colonial as insubordinações e protestos levaram a independência da capitania de Sergipe que era produtor e monocultor que atendia os interesses da metrópole, sendo que o pelourinho, forca, parceria com o Estado e criador de gado, e as próprias câmaras municipais não funcionavam para atender a todos e para o serviço administrativo, e quem fazia parte era os chamados homens bons, criadores de gado e agricultores.

Curtiram essa pergunta: Elaine Santos Andrade, Bárbara Lobo e Luiz Bezerra.

O questionamento da quarta aula que foi dia 12/09/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 13/09/2011 às 11h37, a seguinte pergunta:

Quais os fatores que contribuíram para tornar o Vale do Cotinguiba no século XIX um promissor produtor de cana-de-açúcar?

Renato Araujo respondeu a pergunta dia 18/09/2011 às 11h29, a sua resposta foi a seguinte:

De início é necessário entendermos que para o estímulo da produção em grande escala do açúcar em Sergipe, houve influências nacionais e internacionais, principalmente através de guerras ocorridas nas Antilhas e revoltas escravas na qual destaco a do atual Haiti; o que proporcionou a redução da concorrência entre países produtores, logo ocasionando o aumento de preços do produto. O Brasil é destaque no crescimento da plantação da cana e nesse contexto Sergipe também estava inserido; obviamente surge a região da Cotinguiba como exemplo maior dessa produção, alguns fatores foram essenciais entre eles podemos destacar: o solo de massapé, argilosos, escuros e pesados, que retinham bem a umidade proporcionando fertilidade para tal cultivo; outros fatores foram o clima muito propício, como também a presença de grandes rios e seus afluentes facilitando assim o escoamento da produção do Estado.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 18/09/2011 às 11h27, a sua resposta foi a seguinte:

Vários fatores naturais, econômicos e políticos fizeram a região da Cotinguiba prosperar com a produção de açúcar no século XIX. A região apresentava bons solos massapé, argilosos que continham a umidade, além de um clima favorável e bons rios para escoamento da produção. Assim era uma região propicia para ser demarcada e utilizada a partir da Lei de terras 1850. Sua produção foi influenciada também pela escassez do açúcar em detrimento da desorganização de sua produção nas Antilhas, ocasionadas pelas guerras do Império Napoleônico na Europa e a revolta de escravos em São Domingos (atual Haiti). Todas essas condições fizeram dessa região a mais próspera de Sergipe, inclusive mais rica que a Capital São Cristóvão. Por isso surgiram tantos núcleos de povoamento, merecendo destaque a Cidade de Laranjeiras que teve uma vida cultural intensa com jornais, liceus e etc. Foi nessa região que os sergipanos puderam alcançar o sue desejado futuro promissor depois de tantos conflitos ao longo de sua história.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 18/09/2011 às 13h17, a sua resposta foi a seguinte:

Bem, o açúcar está em presente Sergipe desde a chegada dos primeiros colonizadores em suas sesmarias, porém antes do século XIX, há o predomínio da agricultura e da pecuária na região sergipana. Contudo após este século, tem-se um grande surto dessa produção canavieira no vale do Vaza-Barris e, principalmente no vale da Cotinguiba.
Nessa região eles irão encontrar condições favoráveis para desenvolver-se aqui, devido ao seu solo fértil, clima propício, o transporte de navegação pelos seus afluentes e a vantagem de suas terras encontrarem-se descansadas. Com isso inicia-se uma corrida de terras nesta região, o qual resultará na política da lei de terras, na expulsão de seus indígenas e no desmatamento para a instalação dos engenhos e de suas rotinas fabris.

Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 18/09/2011 às 20h45, a sua resposta foi a seguinte:

Segundo Nunes no início do sec.XIX no Vale do Vaza-Barris e na micro região da Cotinguiba ocorreu um surto de produção de cana-de-açúcar em Sergipe, isso está interligado a fatores fora do Brasil a exemplo o aumento do consumo de café, cacau e chá. Também a fatores como a desorganização nas Antilhas ocasionando, pelas guerras Napoleônicas e a revolta escrava em São Domingos (Haiti). Entretanto o Vale da Cotinguiba possuía fatores primordiais, para o desenvolvimento promissor da produção açucareira, a exemplo do solo massapé, argiloso, escuro e pesado e que retinha a umidade, terra muito férteis e favoráveis para o cultivo da cana de açúcar. O clima da região para Maria da Glória Santana de Almeida a região da Cotinguiba era considerada melhor meio de comunicação que a Província possuía para o escoamento da produção agrícola da cana-de-açúcar. Outro fator, as terras sergipanas apresentavam mais vantagens em suas terras, pois as mesmas encontravam-se descansadas em relação às capitanias vizinhas. Portanto a Cotinguiba tinha prosperidade econômica, com a expansão promissora e produtora da cana-de-açúcar, Laranjeira tornou-se um dos núcleos mais importante dessa região.

Curtiram a pergunta: Antônio Lindvaldo, Bárbara Lobo.

O questionamento da quinta aula que foi dia 19/09/2011, a líder (Ruzilane Rabelo dos Santos) postou no dia 20/09/2011 às 19h18, a seguinte pergunta:

Qual o símbolo do pelourinho para os escravos no século XIX erguidos nos núcleos de povoamentos?

Essa pergunta foi ilustrada com uma foto de Jean-Baptiste Debret cuja fonte foi o site: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/04/brasil-imperial-em-foco

Renato Araujo respondeu a pergunta dia 25/09/2011 às 10h00, a sua resposta foi a seguinte:

Partindo da concepção que a escravidão era tida de maneira natural para sociedade da época e através dela notava-se o progresso dos engenhos, respectivamente dos núcleos de povoamento. O numero de escravos que chegavam a essas regiões eram de grandes proporções; logo para manter a ordem sobre eles foi preciso utilizar da criação de meios de repressão. Nesse contexto foi criado o pelourinho, denominado por Cloves Moura como "lugar público" Símbolo de que nos povoamentos existiam leis e justiça, na intenção de impedir fugas frequentes dos escravos; a autoridade era exercida com os mais diversos castigos, e o pelourinho entre outros simboliza esse processo brutal e impiedoso da história brasileira.

Antunes Santana respondeu a pergunta dia 23/09/2011 às 23h39, a sua resposta foi a seguinte:

Em uma sociedade onde a escravidão era tida como necessária para o desenvolvimento econômico se fazia necessário o controle sobre os escravos. Nesse contexto o pelourinho exercia seu papel de agente nesse controle na medida em que simbolizava e materializava o poder de seus senhores e da legalidade Real, para com os escravos que não respeitassem as regras e também como forma de exemplo para todos os outros. Nas palavras do Cônego de Laranjeiras, Philadelpho de Oliveira de que a "a aurora e o crepúsculo dos dias eram saudados com azorragues que arrancando gritos doloridos produziam filetes de sangue, que lavavam a terra pelos mesmos escravos cultivados" podemos perceber que esse recurso foi bastante utilizado em Sergipe e as cenas de tortura faziam parte da vida dessa sociedade.

Elaine Santos respondeu a pergunta dia 25/09/2011 às 10h20, a sua resposta foi a seguinte:

O pelourinho juntamente com outros símbolos passou a compor a paisagem das vilas, contribuindo para alicerçar o esteio de dominação portuguesa durante a organização da colonização. Onde este servira como um instrumento, símbolo de autoridade e ordem funcionando como um local de castigos, sobretudo para os escravos para que estes servissem de exemplo para outros que desejassem escapar do domínio de seus senhores, principalmente no século XIX, época em que o trabalho compulsório era a principal mão-de-obra da produção canavieira.

Josineide Luciano respondeu a pergunta dia 25/09/2011 às 16h21, a sua resposta foi a seguinte:

Sergipe no século XIX, principalmente na região açucareira do Cotinguiba onde a escravidão era vista como útil relevante ao progresso dessa localidade. Segundo Penalves Rocha, a existência de escravidão era vislumbrada como sendo um elemento constitutivo e natural das sociedades e partindo nessa ideia e demais elementos, os senhores de engenhos achavam natural que o escravo não tivesse direitos e deveres dos outros indivíduos e por isso era normal as punições, onde negro era levado ao pelourinho para ali ser açoitado publicamente, por isso, para Clovis Moura no dicionário da Escravidão “Pelourinho quer dizer lugar público, espaço de afirmação de autoridade nos núcleos de povoamentos por parte dos portugueses e senhores de engenho...” outra definição seria a representação da autonomia do município e simbolizava que no lugar, ou seja, o pelourinho se fazia justiça, em nome do rei segundo Vieira. Pelourinho era lugar de castigo de punição e fora criado no Rio de Janeiro, em 07 de setembro de 1624 para dar exemplo aos negros fujões, de maneira que a câmara aprovou a construção do pelourinho por útil e necessário.

Curtiram a pergunta: Grace Hora, Bárbara Lobo, José Diones Costa, Valdinaldo Santos de Almeida.

“FIOS DO INESPERADO E DA RESISTÊNCIA...”: NEGROS, ÍNDIOS, MESTIÇOS E MULHERES EM SERGIPE NO SÉCULO XIX


A composição da sociedade sergipana no século XIX, principalmente a do Cotinguiba não era composta somente pelo senhor de engenho e a elite branca, pois havia os negros, mestiços, índios e mulheres. Para entendermos essa sociedade do açúcar é necessário dar espaço ao outro, ao diferente que também deram sua contribuição na formação dessa sociedade.
Os negros foram essenciais para o Vale do Cotinguiba, pois com sua mão-de-obra escrava levaram o desenvolvimento do açúcar e lucros para os senhores de engenho. Mas, ao lado do trabalho forçado eles souberam lutar pela sua liberdade contra a opressão e escravização principalmente a formação de quilombos entre outras formas de resistência. A simbologia do pelourinho nos núcleos de povoamento era uma forma do senhor de engenho juntamente com o rei mostrar sua força e seu poder diante daqueles que se comportavam mal e eram punidos em público.
Já os mestiços e os índios eram vistos pela sociedade açucareira como preguiçosos e faziam parte da sociedade livre. O primeiro poderia até substituir o escravo se não fosse a sua ociosidade e o segundo viviam da agricultura de subsistência e perderam suas terras para os senhores de engenho e começaram a trabalhar como assalariados nas terras que não mais lhe pertenciam.
A mulher também nessa sociedade era inferior e tratada como objeto de interesses dos familiares, mas aos poucos com a vinda da família real ao Brasil elas foram conquistando mais espaço.
Portanto, na formação da sociedade sergipana também houve uma contribuição dos negros, mestiços, índios e mulheres não somente com a participação do senhor de engenho e da elite.

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. “Fios do inesperado e da resistência...”: negros, índios, mestiços e mulheres em Sergipe no século XIX. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.93-111.   

domingo, 18 de setembro de 2011

ANOS DE PROSPERIDADE E MUDANÇAS: A SOCIEDADE DO ACUÇAR E A NECESSIDADE DE UMA NOVA CAPITAL SERGIPANA

Com a independência de Sergipe da Bahia, e a prosperidade econômica do açúcar no Vale do Cotinguiba em meados do século XIX favoreceu para que uma nova capital sergipana fosse planejada, essa capital seria Aracaju.
A sociedade do açúcar possuía outras características diferentes da sociedade do couro (XVI-XVIII), era composta por uma elite branca, ou seja, o colonizador português e seus descendentes e por emigrantes vindos de Portugal e outras regiões da Europa para Bahia e Sergipe.
Os engenhos de Sergipe em destaque para o Engenho Pedras que possuía o maior número de escravos, eram de pequena dimensão os chamados bangüê. Esses possuíam a casa-grande, as capelas e a senzala (diferente das tradicionais), a primeira geralmente ficava em nível mais elevado.
Outro núcleo de destaque também dessa produção açucareira foi Laranjeiras que prosperou muito sendo a povoação mais rica da província, com várias casas, engenhos, arquitetura dinamizada e o comércio de exportação e importação em alto nível.
Com a sede da capitania em São Cristovão, Sergipe necessitava do porto de Salvador para escoar a produção, não tínhamos um porto. Essa situação facilitou para que Inácio Barbosa idealizasse e concretizasse a mudança da capital para as praias do Aracaju próximo do vale do Cotinguiba. Porém, é importante ressaltar que houve outras razões para que a mudança se efetivasse não somente a necessidade de um porto.
Portanto, a sociedade do açúcar possui especificidades próprias e a elite aristocrática almejava uma nova capital para atender as necessidades da próspera economia açucareira e projetando para Sergipe um projeto de modernização.

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. Anos de prosperidade e mudanças: a sociedade do açúcar e a necessidade de uma nova capital. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p. 73-91.   
    

  

domingo, 11 de setembro de 2011

DAS INSUBORDINAÇÕES E PROTESTOS À INDEPENDÊNCIA DA CAPITANIA DE SERGIPE

O processo de independência da capitania de Sergipe da Bahia foi paulatinamente se concretizado, pois havia um contexto social favorável para o mesmo ganhar força e protestar pela sua autonomia, as câmaras municipais tiveram um papel importante para essa empreitada.
 No primeiro momento a Coroa portuguesa controlava os poderes paralelos dos proprietários de terras e criadores de gado através das câmaras, ou seja, administrava a colônia, já no segundo os interesses mudaram e os proprietários de terras, criadores de gado e agricultores se fortaleceram e passaram a controlar a legislação com interesses individuais e locais.
A capitania de Sergipe após a mudança da capital da Bahia para o Rio de Janeiro tornou-se subalterna a Bahia que por sua vez era subordinada a metrópole, com esse fortalecimento das câmaras em favor da autonomia sergipana os protestos criaram força contra os absurdos do poder metropolitano, eclesiástico, ouvidores e autoridades baianas.      
A reação dos camaristas em favor da autonomia da capitania de Sergipe não foi de bom agrado para as autoridades baianas, porém as vilas de São Cristovão, Itabaiana, Santo Amaro e Santa Luzia se revoltavam contra as arbitrariedades da cobrança de impostos pela Bahia para suprir as necessidades da Coroa, os gêneros alimentícios que abastecia a Bahia ao deixar a população sergipana passando fome entre outros.
Portanto, não podemos pensar a independência de Sergipe como um ato de decreto, assinado por D. João VI, mas como um processo de mudanças ocorridas ao longo da relação de domínio da Bahia sobre Sergipe.

 Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. Das insubordinações e protestos à independência da capitania de Sergipe. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.55-72.   


domingo, 4 de setembro de 2011

ENQUANTO A ORDEM PREVALECER: OS NÚCLEOS DE POVOAMENTO, O ESTADO E O PADROADO


O início da colonização sergipana houve mãos dadas entre particulares e o Estado, ambos tinham interesses comum de dominar o território sergipano, pois o Estado não tinha condições financeiras para sozinho dominar e os criadores de gado aliaram-se para essa empreitada tendo os núcleos de povoamento como os distritos militares para a conquista.
Porém, pós conquista do território seus interesses se distanciaram do Estado português e criaram suas próprias normas de convívio social e afirmação de poder, sobressaindo seus interesses individuais em detrimento do coletivo e da construção da ordem política.
Dessa forma a penetração portuguesa na capitania de Sergipe ocorreu lentamente, pois a visão sobre o “campo” era do “latifúndio” espaço dominado pelos criadores de gado. Assim, a historiografia clássica ao comparar a colonização espanhola e portuguesa na América constata que na América espanhola a vida urbana era intensa e na América portuguesa as vilas (núcleos de povoamento) viviam precariamente tendo uma visão apenas econômica.
Mas segundo Ronald Raminelli os núcleos de povoamento teve múltiplas funções tanto administrativas quanto religiosas, pois o Estado tinha interesse de expandir a cristandade católica concomitante ao domínio do território. Por isso, tanto o Estado e a Igreja teve papel importante na conquista territorial de Sergipe ambos contribuíram para as ordens sociais, morais e imposição de poder.
Os núcleos de povoamentos de Sergipe foram importantes para a conquista e expansão da cristandade católica entre eles: Santa Luzia, Lagarto, Itabaiana, Santo Amaro, Vila Nova e o destaque maior para São Cristovão que foi o primeiro e responsável pela conquista das outras áreas sergipanas e essencial para expansão católica em Sergipe.

    Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. Enquanto a ordem prevalecer: os núcleos de povoamento, o Estado e o Padroado. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.33-54.   
 

CAMINHOS DA COLONIZAÇÃO DA CAPITANIA SERGIPANA: A SOCIEDADE DO COURO NO FINAL DO SÉCULO XVI AO XVIII

A historiografia paulista e baiana contribuíram para a formação da história de Sergipe na sociedade do couro, ou seja, ambas trouxeram a figura do “bandeirante” como desbravador dos sertões e grande conquistador do território brasileiro.
As versões historiográficas do mito do “bandeirantismo baiano” principalmente difundido nos Anais, IGHB (Instituto Geográfico e Histórico da Bahia), Arquivo Público da Bahia entre outros trazem os Ávila como figura central e Garcia d’Ávila o dono da Casa da Torre como um dos ilustres contribuintes para a conquista de Sergipe e o transformaram em “herói” nacional uma vez que a Bahia perdeu espaço como sede da capital da colônia portuguesa.
Os intelectuais baianos entre o final do século XIX e início do XX nas figuras de Francisco Borges de Barros, Urbino Viana e Pedro Calmon ajudaram a difusão desse simbolismo baiano ao trazer os Ávila e seus herdeiros como essenciais na conquista do sertão nordestino e contribuir para a formação do caráter nacional do povo brasileiro. Os dois primeiros autores enaltecem a figura do bandeirante baiano como “herói” desbravadores, porém o terceiro mostra a importância das grandes famílias patriarcais para a formação nacional, contudo não faz apologia a figura dos Ávila.
    Já o intelectual Ângelo Emílio Silva Pessoa mostra a colonização do território sergipano não como uma ação dos grandes homens, mas os privilégios de alguns em detrimento a dos excluídos na ocupação do território para a criação do gado.     
Portanto, esse mito do bandeirante baiano minimiza a parcela de contribuição que o outro (criadores de gado) tenham contribuído também para a conquista de Sergipe independente de maior ou menor importância a figura do outro está presente na sociedade do couro. Compreendemos essa mesma sociedade ao estudar sua cultura material e imaterial produzida quotidianamente por seus membros.

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. Caminhos da colonização da capitania sergipana: a sociedade do couro no final do século XVI ao XVIII. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010, p.07-32.